Frente Parlamentar do Coronavírus promove discussão sobre os cuidados durante o verão com a nova variante Ômicron

Frente Parlamentar do Coronavírus promove discussão sobre os cuidados durante o verão com a nova variante Ômicron

Com a aproximação das festividades de fim de ano e o aumento do fluxo de pessoas em regiões como a do litoral paranaense, cresce a preocupação do poder público com um possível acréscimo nos casos de contaminação com a Covid-19 no estado. Atenta às notícias da circulação da nova variante Ômicron em países da Europa e até mesmo no Brasil, a Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná promoveu sua 22ª reunião, na manhã desta terça-feira (7).

Coordenado pelo deputado Michele Caputo (PSDB), o grupo ouviu a diretora geral assistente da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mariângela Simão, que foi enfática: não é hora de relaxar nas medidas sanitárias que evitam a transmissão, não importando qual a variante predominante no país. Segundo ela, a Europa passa por uma nova onda de transmissão evidenciada pelo relaxamento das medidas de distanciamento social e baixa vacinação em alguns países.

“A Europa prediz o que pode acontecer nas Américas ao final do nosso verão. Os casos e óbitos lá dobraram nos últimos dois meses, com vários fatores envolvidos. A variante predominante em uma nova onda é a Delta. Houve confiança demasiada na cobertura vacinal em vários países, com relaxamento do distanciamento social. Quando os casos começaram a aumentar, em setembro, houve uma reintrodução muito lenta destas medidas”, afirmou Mariângela.

Segundo a coordenadora geral da OMS, é preciso fortalecer o sistema de vigilância, fazer testagem, ter capacidade para o sequenciamento do vírus na identificação das variantes. “A mobilidade social ainda é preocupante porque é terreno fértil para a transmissão de qualquer variante. Está ocorrendo uma insurgência de casos, não uma opinião, é uma observação científica. O impacto da Ômicron não está claro. Precisamos melhorar a resposta contra a Delta, porque ajuda no controle das outras variantes”, destacou.

Ainda de acordo com Mariângela Simão, a imunidade depende de três doses das vacinas, como algumas que são rotineiramente aplicadas em crianças. “É preciso vacinar, testar e proteger, estabelecer as medidas de distanciamento social com campanhas de governo no incentivo à conscientização. Os setores legislativos têm funções essenciais neste sentido. A pandemia não acabou, precisamos de tranquilidade e manter e criar as politicas públicas para que a população saiba como agir”, afirmou.

Para o deputado Michele Caputo, a Frente Parlamentar do Conavírus tem promovido o debate desde o relato do primeiro caso da doença no mundo para propor projetos importantes do Poder Legislativo e cobrar efetividade das ações do Poder Executivo.

Neste sentido, a médica coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (SESA), Acacia Nasr, explicou que a taxa de transmissão no Paraná está controlada, mas há a preocupação que ela aumente com introdução de uma nova variante. “Nossa média móvel teve redução e 52% nos últimos 14 dias. Enquanto todos não estiverem protegidos, ninguém estará”, alertou.

“É preciso manter estratégias de rastreio de contato, controle de surtos, teste de triagem e quarentena e uso de máscaras. Temos um contingente populacional que não fez a segunda dose no momento em que já estava disponível e ele deve procurar as unidades de saúde para completar sua imunização”, cobrou Acacia.

Sobre a Ômicron, Acacia afirmou que é importante fazer a testagem para identificar se a variante circula no estado. “Ela é detectável pelo teste PCR. Se quisermos reduzir o nível de contaminações, precisamos manter as medidas de distanciamento, uso de máscaras, fazer os testes e buscar a vacinação completa, inclusive com as doses de reforço recomendados pelo Plano Nacional de Imunizações”, frisou.

Operação Verão

Em relação à Operação Verão, de apoio aos munícipios com populações flutuantes, Acacia Nasr explicou que está prevista no plano de atenção aos municípios da SESA, ações de atendimento médico hospitalar, envolvendo sete munícipios que firmaram termos de parceria que dura até o fim do verão. “Disponibilizamos para a Operação Verão 100 mil testes de antígeno, estivemos em Brasília solicitando mais testes e faremos a distribuição ao litoral assim que cheguem”, disse.

Esta informação havia sido cobrada pelo prefeito de Guaratuba, Roberto Cordeiro Justus. “Temos uma situação diferente do que aconteceu no começo da pandemia. Temos medidas de flexibilização que nos deixam confusos sobre o que fazer no réveillon. Os números de casos e mortes no país só caem. Não fossem as notícias envolvendo a nova cepa, tudo convergiria para o relaxamento e a queda da necessidade do uso de máscaras”, falou.

“Me reuni com prefeitos de Matinhos e Pontal do Sul para discutir o que fazer, com decisões seguras e bem ancoradas, mas sinto falta de argumentos técnicos para saber o que fazer frente a esta onda de flexibilizações que vivemos em nosso país”, ponderou o prefeito.

A mesma preocupação foi demonstrada pelo deputado, membro da Frente Parlamentar, Nelson Justus. “Precisamos errar o mínimo possível, nos guiar pela ciência, pelo bom senso e equilíbrio. A participação desta comissão será muito forte, porque terá influência nas decisões que o Poder Executivo terá que tomar. Ao tempo que precisamos nos preocupar com a saúde, temos que nos preocupar com aqueles que se prepararam o ano inteiro para receber os visitantes”, frisou.

O deputado Nelson Luersen (PDT), a deputada Cristina Silvestri (CDN) e o deputado Arilson Chiorato (PT) também demonstraram preocupação com a o aumento da população em regiões turísticas do estado durante o verão. Participaram da reunião ainda: Emanuel Maltempi, coordenador da Comissão de Enfrentamento do Coronavírus da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e Helisson Faoro, do Instituto Carlos Chagas da Fiocruz.

FONTE :ALEP PR