Chegou chegando: Flamengo coleciona belos gols contra o América e se emparelha no topo

Chegou chegando: Flamengo coleciona belos gols contra o América e se emparelha no topo

O Campeonato Brasileiro atravessa uma de suas edições mais insanas de todos os tempos. Há poucos paralelos neste nível de emoção e indefinição no passado da Série A. A lembrança mais viva é a do Brasileirão de 2009, cardíaco até a rodada final. E, por essa memória particularmente saborosa aos rubro-negros, o torcedor mais supersticioso do Flamengo esfrega as mãos. O time que decolou com Adriano e Petkovic há 14 anos levou o troféu, afinal. Não são poucos os episódios na história do clube em que imperou o “deixou chegar”, o embalo que não teve mais fim. Mesmo que as circunstâncias sejam diferentes, o Fla de 2023 revive esse sentimento e se emparelha no topo da tabela a três rodadas do fim. Neste domingo, a vitória contra o rebaixado América Mineiro era obrigação, ainda mais num Parque do Sabiá pintado de vermelho e preto, sob mando dos mineiros. Uma série de gols muito bem construídos garantiu os 3 a 0. Mais promissora ainda foi a rodada na qual a maior parte dos concorrentes diretos tropeçaram – sobretudo Botafogo e Palmeiras.

O América de início foi um adversário mais difícil do que a tabela indica, algo até costumeiro numa temporada em que o Coelho jogou mais bola do que conquistou pontos. Os mineiros levaram perigo em diferentes momentos em Uberlândia, sobretudo quando o placar ainda estava zerado, com bola na trave e tudo. Mesmo num primeiro tempo inconstante, o Flamengo foi superior durante a maior parte da etapa inicial. Cebolinha bateu no peito e, dono dos principais lances, fez o gol de cabeça que abriu o placar. Já na segunda etapa, uma senhora jogada coletiva do time de Tite aumentou a segurança, com o segundo tento de Pedro. A partida se tornou mais fácil e daria tempo para mais um show no fim, com passe de Cebolinha para o gol de letra de Everton Ribeiro, que veio bem do banco. Mesmo com gols perdidos em demasia, o Fla foi ótimo para construir suas oportunidades. Arrascaeta e Bruno Henrique igualmente merecem menção pelo ótimo papel.

Cebolinha conduz a primeira etapa

Diogo Giacomini alinhou o América Mineiro com Jori no gol. A defesa contava com Daniel Borges, Éder Ferreira, Júlio César e Marlon Lopes. O meio começava com Lucas Kal e Alê, além de Everaldo, Emmanuel Martínez e Felipe Azevedo na ligação. Gonzalo Mastriani era o homem de referência. Tite escalou o Flamengo no 4-2-3-1. Agustín Rossi abria a formação, com a zaga composta por Matheuzinho, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayton Lucas. Erick Pulgar e Gerson eram os volantes, com a trinca de meias formada por Bruno Henrique, De Arrascaeta e Everton Cebolinha. Pedro comandava o ataque.

O Flamengo começou bem a partida, com presença no ataque. Logo no primeiro lance, o goleiro Jori precisou se antecipar para evitar o perigo. Os rubro-negros tinham muito volume e empurravam o América para trás, ainda que tivessem dificuldades para entrar na área. O jeito foi arriscar de longe, com um tiro para fora de Everton Cebolinha aos sete. Retraído, o Coelho só conseguiu sair aos 12 minutos. E quase fez estrago. Num lance de Everaldo, Felipe Azevedo recebeu na área e mandou uma pancada no travessão. O susto baqueou o Fla, com os mineiros bem mais perigosos nos chutes de longe. Emmanuel Martínez e Lucas Kal mandaram ao lado da trave.

Mais solto na partida, o América conseguia atrapalhar bastante a saída de bola do Flamengo. Os rubro-negros não tinham transição e, quando conseguiam encaixar um contragolpe, erravam o passe final. Os mineiros eram mais diretos e, num chute desviado aos 20, Rossi precisou se virar para botar a bola para escanteio. O Fla só voltou a finalizar aos 21, numa ligação direta de Rossi para Cebolinha, com o chute de Pedro mascado para fora. O Flamengo despertou disso. Numa cobrança de escanteio, Jori saiu mal e Pedro chutou sem querer, perdendo com o gol aberto. Logo depois Cebolinha deu até chapéu na linha de fundo e foi travado no chute.

Melhor do Flamengo na partida, Cebolinha fazia por merecer o gol. Abriu o placar aos 29, num pouco comum gol de cabeça. Ayrton Lucas fez o cruzamento da esquerda e Cebolinha fugiu da marcação, para acertar uma testada de manual. A confiança aumentava. A torcida crescia no Parque do Sabiá e os rubro-negros vinham junto em campo. O time voltava a ter volume, mas não necessariamente lances claros para o segundo. Gérson precisou de atendimento por uma pancada na cabeça. Quando o jogo voltou, Arrascaeta quase ampliou aos 39, numa batida que acertou a parte externa da rede. Só que os minutos finais voltaram a se equilibrar um pouco mais, com o América de novo mais atento. Não estava morto.

Dois gols de categoria

O segundo tempo não tinha nem um minuto quando Arrascaeta queimou um chute da entrada da área e fez Jori espalmar. O Flamengo estava resoluto a aumentar a diferença no placar e apresentava um futebol mais direto. Conseguiu o segundo gol aos cinco minutos, numa jogadaça de pé em pé. Primeiro, Arrascaeta disparou e brecou. Passou no meio para Bruno Henrique, com uma finta seca na marcação e o passe na medida. Pedro dominou na área para só tirar na saída de Jori. A situação do Fla se tornava ainda mais confortável. O único lamento ocorreu na sequência, aos oito, quando Pulgar recebeu o amarelo por uma entrada imprudente. Está suspenso para o fundamental duelo com o Atlético Mineiro na próxima rodada.

Arrascaeta também fazia uma ótima atuação e tentou o seu aos dez, numa batida rasteira que lambeou a trave. O América, que não tinha nada a perder, seguia em busca do jogo franco. Rodriguinho e Benítez foram novidades aos 15. Num lance ofensivo, o Coelho reclamou de um pênalti que a arbitragem deixou seguir. Sem a mesma intensidade, o Flamengo perdeu Ayrton Lucas e aproveitou para realizar três trocas aos 18. Saíram também Arrascaeta e Bruno Henrique, este com seu nome gritado pela torcida, por conta do passado no Uberlândia. Filipe Luis, Thiago Maia e Everton Ribeiro deixavam o time mais lento, mas mais robusto no meio.

A esta altura, a torcida no Parque do Sabiá recebia as notícias do Castelão. O Palmeiras empatou, mas logo depois o Fortaleza retomou a vantagem, o que deixava o Flamengo na liderança. A massa rubro-negra se inflamava e o time vinha junto. Pedro bateu de longe, para Jori aquecer as luvas de novo. Já aos 27, Everton Ribeiro fez uma jogadaça pela linha de fundo e deu o passe a Pedro, num chute à queima-roupa que parou no milagre de Jori. O Fla vinha com tudo para cima. Para esfriar o ambiente, só mesmo o novo empate do Palmeiras, que botava os rubro-negros em segundo pelo saldo. O que não tinha trégua era o bombardeio de Pedro, de novo barrado por Jori num tiro de média distância. Após botar Wesley França na vaga de Matheuzinho, Tite gastou sua última troca com Luiz Araújo na vaga de Gérson.

O gol que sacramentou a vitória do Flamengo se deu aos 40 minutos. Cebolinha carimbou mais uma bagunça pelo lado esquerdo, com o passe rasteiro para o meio do pagode. Everton Ribeiro definiu com sutileza, num sublime toque de letra. Chegou chegando. Os minutos finais tiveram gritos de olé e ainda uma insistência do Flamengo pelo quarto gol, com a defesa do América conseguindo rifar o assédio constante. De qualquer maneira, a espera era pelo apito final e pela consolidação do resultado. O apito soou com sorrisos nos rostos dos flamenguistas.

O Flamengo fecha a rodada com 63 pontos, na segunda colocação. Está igualado ao Palmeiras, mas leva a pior no saldo de gols. O Botafogo fica para trás com 62 pontos. Atlético Mineiro (60), Grêmio (59) e Red Bull Bragantino (59) são os outros vivos no páreo. E o Maracanã receberá um jogo com cara de decisão na quarta-feira, com um Flamengo x Atlético Mineiro que tem tudo para rechear um pouco mais a história de grandes confrontos entre os dois clubes no Brasileirão. O Galo foi exatamente o único concorrente direto que ganhou na rodada, com a pancada sobre o Grêmio. Será missão dos rubro-negros provarem que seu embalo é maior. Na rabeira da tabela, o América segue com 21 pontos, na lanterna. FONTE TRIVELA