Culto e determinado, D. Pedro II recebia críticas, mas respeitava o direto de imprensa

Culto e determinado, D. Pedro II recebia críticas, mas respeitava o direto de imprensa

Em que, em sua opinião, diferenciam as condições de vida no país dos dias de hoje com as da época do império? Você sabia, por exemplo, que na época do Brasil império, o país era o quarto entre as maiores potências do mundo, principalmente no segundo reinado, ficando ao lado de potências como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha?

Eis a questão. Será que, se a república não fosse proclamada o Brasil de hoje não poderia perfeitamente estar entre as nações de melhores condições, com excelente qualidade de vida e sem as mazelas que flagelam a população, como a corrupção que hoje é um dos piores cancros da nação? A esperança é de ainda encontrarmos outro magnânimo capaz de mudar a situação deste país.

Hoje, remexendo em meus guardados, encontrei a cópia de uma publicação que consegui na antiga Biblioteca do IBC do Rio de Janeiro, há quase 30 anos, enquanto pesquisava um material para a Cia. Iguaçu. Era sobre a origem do café. Nos intervalos, aproveitava para bisbilhotar o rico material histórico contido em algumas publicações de Petrópolis, sede do governo do império.

Um dia, enquanto almoçava em um restaurante do Rio na companhia do saudoso almirante José da Silva Sá Earp, ex-diretor-presidente da empresa, falávamos do valor histórico do acervo do IBC. Foi quando me indicou algumas publicações que relatavam fatos curiosos que muita gente desconhece a respeito dos grandes avanços conseguidos à época do Brasil Imperial.

Naquele mesmo dia, encontrei o material sugerido por ele. Gentilmente, Dona Laura, uma das duas senhoras estatutárias que cuidavam da biblioteca, conseguiu-me cópias de um material que guardo até hoje. Algumas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Outras, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e do próprio acervo do Museu Imperial de Petrópolis.

Avanço Educacional – Entre as curiosidades que encontrei, estão as de que, quando D. Pedro II subiu ao trono, em 1840, 92% da população brasileira eram analfabetos. Em seu último ano de reinado, em 1889, essa porcentagem era de 56%, devido ao seu grande incentivo à educação, construção de faculdades e, principalmente, de muitas escolas que tinham como modelo o excelente Colégio Pedro II.

A Imperatriz Teresa Cristina cozinhava as próprias refeições diárias da família imperial apenas com a ajuda de uma empregada (paga com o salário de Pedro II); (1880) O Brasil era a 4ª economia do mundo e o 9º maior império da história; (1860-1889) A média do crescimento econômico foi de 8,81% ao ano; (1880) Eram 14 impostos, atualmente são 98;

1850-1889) A média da inflação foi de 1,08% ao ano; (1880) A moeda brasileira tinha o mesmo valor do dólar e da libra esterlina; (1880) O Brasil tinha a segunda maior e melhor marinha do mundo perdendo apenas para a da Inglaterra;

(1860-1889) O Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo no mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e deficientes visuais; (1880) O Brasil foi o maior construtor de estradas de ferro do mundo, com mais de 26 mil quilômetros. E por aí, vai.

Cultura e sovinice – Apesar de falar 23 idiomas, dos quais, 17 fluentes, como vi nos relatos, D. Pedro II, era ridicularizado pela mídia, principalmente por usar roupas extremamente simples e o descaso no cuidado e manutenção dos palácios da Quinta da Boa Vista e Petrópolis. Não admitia tirar dinheiro do governo para o que considerava futilidades, sendo por isso alvo de charges quase diárias nos jornais.

Assim mesmo, mantinha a total liberdade de expressão e nenhuma censura. A imprensa era livre tanto para pregar o ideal republicano quanto para falar mal do imperador. “Diplomatas europeus e outros observadores estranhavam a liberdade dos jornais brasileiros”, conta o historiador José Murilo de Carvalho, cuja bibliografia também estava na Biblioteca do IBC.

Mesmo diante desses ataques, D. Pedro II se colocava contra a censura. “Imprensa se combate com imprensa”, dizia. Em seu exílio em Paris, andava pelas ruas sempre com um saco de veludo ao bolso com um pouco de areia da praia de Copacabana. Foi enterrado com ele.

FONTE:TEXTO ATAÍDE CUQUI -(créditos: Google Imagens e Iguaçu)