“Pandemia não pode ser empecilho para prevenção ao câncer de mama”, afirmam participantes de audiência sobre o Outubro Rosa

Em um encontro por videoconferência, deputada Cantora Mara Lima (PSC), representantes do Governo do Estado e de entidades que atuam na prevenção da doença, demonstraram preocupação com os números frente à covid-19.

Foi-se o tempo em que as mulheres se aglomeravam, lotavam as galerias e até o plenário nas solenidades realizadas na Assembleia Legislativa do Paraná para a campanha do Outubro Rosa, mês de prevenção ao câncer de mama. Desta vez, o lançamento oficial foi por videoconferência, nesta sexta-feira (2). Mas nada tira o protagonismo desse evento fundamental para alertar as mulheres para a prevenção, especialmente em um ano como 2020, marcado pela pandemia do novo coronavírus. Justamente por isso, a campanha este ano foi aberta com a audiência pública “Outubro Rosa – a importância do autocuidado em tempos de pandemia”.

“As mulheres precisam entender que não podem deixar de lado os exames preventivos anuais e nem a continuidade dos tratamentos por medo de contrair a covid-19”, alertou a proponente do encontro e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia, a deputada Cantora Mara Lima (PSC), autora da lei que criou a campanha no Paraná.

A audiência teve a participação da primeira dama do estado, Luciana Saito Massa, da presidente da Humsol, Simone Beck Ribeiro, da vice-presidente da Associação das Amigas da Mama, Maria Aparecida Rodrigues Santos, e da diretora geral da Sedest, Fabiana Campos.

Luciana Saito Massa participou da campanha Outubro Rosa em 2019 percorrendo o Paraná, levando orientação às mulheres do interior. “Mostramos a elas que a prevenção também ocorre por uma boa alimentação, uma atividade física”, disse.

Ela explicou que, por 2020 se tratar de um ano atípico, as informações serão levadas pela internet, com vídeos curtos elaborados pela Secretaria da Saúde. O movimento está sendo chamado de Paraná Rosa. “A mulher precisa entender que não adianta ser o pilar de uma casa se ela própria não se cuida. Por isso, nós vamos fazer o que for possível para que essa mulher tenha informações e eleve sua autoestima. Tanto que nossa campanha não se restringe à prevenção ao câncer de mama, mas também ao de colo de útero, com a realização dos exames preventivos”, refletiu.

Neste Outubro Rosa 2020, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) lançou  o movimento de conscientização “Quanto antes melhor”. A ideia é chamar a atenção das mulheres para a adoção de um estilo de vida saudável no dia a dia, com a prática de atividades físicas e boa alimentação para evitar doenças, entre elas, o câncer de mama. A SBM quer reforçar que há muita vida após o câncer de mama e que o cuidado com a saúde feminina deve ser olhado com atenção, principalmente neste momento em que o rastreamento e o tratamento foram prejudicados e ainda estão sendo retomados por conta da pandemia de Covid-19.

Em nível nacional, o Outubro Rosa tem o tema: “3 perguntas que salvam #perguntapraela”. A ação, em 2020 aconteceu em uma live, e é organizada pela Femama, que há 14 anos trabalha para reduzir os índices da doença e alertar as mulheres sobre a prevenção.

Vinculada à Federação, a Associação Amigas da Mama precisou restringir algumas atividades, mas não parou. A vice-presidente da entidade, Maria Aparecida Rodrigues Santos, também lembrou da importância dó autoexame. “Faz toda a diferença nós mulheres conhecermos nosso corpo. Nos tocar. Se pegos no início as chances de cura do câncer são enormes. No Brasil, 30% dos casos são descobertos tardiamente, o que é um número muito elevado. Precisamos mudar isso”, orientou.

Mas o toque não basta. Mamografias e exames de papanicolau são fundamentais. E são ofertados de graça desde 2010.

Ela também orientou às mulheres que não se intimidem pela covid. 75% das mulheres deixaram de fazer os exames periódicos este ano. “Precisamos resgatar essas mulheres para que em 2021 não tenhamos uma avalanche de cânceres metastáticos. Coloco a Associação Amigas da Mama à disposição pelo telefone (41) 32232208. A Associação continua trabalhando com doação de lenços, perucas e com orientações sobre direitos e atendimento psicológico”.

No mês de setembro foram feitos 39 cadastros. 171 desde o início do ano.  “Foi menor, mas houve, o que significa que o câncer não parou de surgir. Continuem a nos procurar, pois adotamos todos os protocolos de segurança”, disse Maria Aparecida.

A Humsol, outra entidade que trata do tema atendendo mulheres em tratamento de quimioterapia com oferta de lenços, mesmo na pandemia, também não parou. Foi o que afirmou a presidente, Simone Beck Ribeiro. “Nossa programação, quando percorremos todo o estado, precisou ser cancelada, mas a confecção de material como lenços e também incrementamos com máscaras, continua a todo vapor”, disse.

Simone também citou números da FEMAMA, que apontavam que 66 mil mulheres teriam câncer de mama em 2020. “Uma a cada 12 mulheres. Por isso, o trabalho tem que ser contínuo”, afirmou.

A procuradora de Justiça, Samia Saad Gallotti, também se manifestou, em consonância com as participantes. Ela ressaltou que, pela desinformação, e até pela dificuldade no acesso destas mulheres aos exames, muitas acabam prejudicadas. “Nós, do Ministério Público, fazemos o trabalho de encaminhá-las aos serviços adequados. Precisamos nos unir enquanto poder público, para melhorar a saúde pública do estado do Paraná”, ponderou.

Também marcou presença a assessora técnica do Instituto Paranaense de Ciência e Esporte, Alessandra Gama.

Números e incidência do câncer de mana – O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos de câncer a cada ano. Esse percentual é de 29% entre as brasileiras.

É causado pela multiplicação desordenada das células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. Esses comportamentos distintos se devem às características próprias de cada tumor.

Índices – As Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica calculam que, entre março e maio, 50 mil diagnósticos deixaram de ser feitos no país. É uma cifra que pode ser ainda maior de acordo com a projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca) de 600 mil novos casos da doença por ano. FONTE:ALEP-PR