Conheça a primeira mulher coveira de Vilhena; um exemplo de vida
Conheça a primeira mulher coveira de Vilhena; um exemplo de vida
Entre um enterro e outro, e apesar de estar literalmente tão perto da morte, a vilhenense Shuellem Ferreira da Silva gosta mesmo é de viver e tem muitos sonhos.Estudiosa e esbanjando entusiasmo, aos 28 anos de idade, casada, a primeira coveira atuante na cidade está honrada com profissão em que atua há quase três anos, no Cemitério Cristo Rei.
Shuellem prestou o último concurso da prefeitura de Vilhena, em dezembro de 2019, para o cargo de coveiro(a), sendo aprovada em primeiro lugar na prova objetiva.
Em fevereiro de 2020, teve a prova prática apenas para considerar o candidato apto ou inapto. Foi preciso cavar uma cova rasa, roçar com roçadeira, capinar, preparar uma cova e simular um sepultamento. Passou em tudo, com louvor, e tomou posse dia 1º de julho de 2020.
Para quem discrimina a atividade de coveiro, pode se surpreender com a presença da jovem. Ela gosta do que faz e busca inspirar outras pessoas. “Não exatamente a fazerem o que faço, mas as mulheres precisam ocupar espaços no mercado de trabalho. Podemos estar onde desejarmos, com toda a dignidade”, relata.
Somando o seu salário e os outros benefícios, ganha mais de R$ 3 mil por mês, bem acima da média salarial do comércio local.
O seu serviço público é pesado, mesmo assim a trabalhadora Shuellem procura conciliá-lo com as atividades domésticas e, principalmente, os estudos. Ela é formada e pós-graduada em Gestão Pública, e no momento estou cursando o 5° período de Letras-Português e Espanhol.
ESTRATÉGIA PARA PASSAR NO CONCURSO
Quando abriu o edital do concurso da prefeitura, ela ficou analisando os cargos disponíveis e o possível grau de concorrência entre os candidatos. Nessa época, ela já tinha o nível de escolaridade superior, sendo assim, poderia ter feito a prova para outros cargos.
A concorrência seria imensa. “Então, eu decidi optar por uma função menos desejada pela maioria das pessoas, e com chances reais de eu passar na primeira colocação. Eu queria muito ser servidora pública efetiva e não importava o cargo, o que me motivava era a estabilidade que eu teria”, esclarece a coveira pioneira.
NO ÁPICE DA COVID
Quando ela assumiu o concurso, o mundo estava no auge da pandemia da Covid-19. Assim que entrou no cemitério, teve que aprender rapidamente a fazer massa, assentar tijolos e o reboco nas gavetas.
“Foi um período muito difícil, pois nós estávamos lidando diariamente com inúmeros falecimentos. Eu presenciava momentos de muita dor das famílias, eu tinha que ter o psicológico muito forte pra eu conseguir trabalhar fazendo os sepultamentos. Por diversas vezes eu me segurava para não chorar vendo tanto sofrimento dos familiares, eu tentava me concentrar ao máximo e bloquear a minha mente e conseguir realizar o meu trabalho de forma profissional”, recorda a profissional, resignada.
TRABALHO PESADO E COMPROMISSO
O trabalho no cemitério é 100% braçal. Além de lidar com as sepulturas, é preciso rastelar as “ruas” e também carregar entulhos com a carriola.
“Enquanto eu for coveira, quero realizar o meu trabalho da melhor forma possível e sempre vou me dedicar ao máximo na minha função para prestar um excelente trabalho para a população de Vilhena, cuidando e zelando dos seus entes queridos que partiram”, avisa a jovem.
NOVO CONCURSO
A coveira continua estudando bastante, está cursando mais um nível superior na área da educação. Depois que entrou no cemitério, ela foi aprovada em mais um concurso, dessa vez para o cargo de fiscal do Creci-RO (Conselho Regional de Corretores de Imóveis). Ela está aguardando a convocação desse concurso.
“Tudo na vida é uma passagem, às vezes nós trabalhamos naquilo que está longe de ser o nosso sonho, mas foi esse trabalho que me impulsionou a continuar a estudar e lutar todos os dias por um cargo melhor, por um futuro melhor. O que não podemos jamais, é estacionar no tempo e parar de sonhar e buscar cada vez mais, enquanto há vida, nunca é tarde para começar e recomeçar”, ensina Shuellem da Silva .fonte https://www.extraderondonia.com.br/