Tribunal do Júri de Curitiba condena a 36 anos de prisão réu que participou de homicídio de jornalista paraguaio que denunciou crimes de político

Tribunal do Júri de Curitiba condena a 36 anos de prisão réu que participou de homicídio de jornalista paraguaio que denunciou crimes de político

O Tribunal do Júri de Curitiba condenou nesta quinta-feira, 2 de dezembro, a 36 anos de reclusão um brasileiro acusado de participação no homicídio do jornalista paraguaio Pablo Medina Velázquez e sua assistente Antónia Maribel Almada Chamorro. O crime ocorreu em 16 de outubro de 2014, por volta das 14h30, na estrada rural que liga a cidade de Villa Ygatimi à Colônia Ko’e Porá, localizadas no Departamento de Canindeyú, no Paraguai, e teve grande repercussão no país vizinho. No banco de trás do carro atacado a tiro pelos criminosos, estava ainda uma irmã da assistente, que não foi atingida pelos disparos.
Após praticar o crime, o brasileiro regressou ao Brasil, mas foi preso em Pato Branco. Inicialmente, a denúncia contra ele foi feita pela Justiça Federal, mas o caso foi posteriormente repassado à Justiça Estadual, com a previsão legal de que o júri ocorresse em Curitiba. O Ministério Público do Paraná assumiu então a acusação.

Segundo as investigações, o brasileiro teria executado o crime junto com um tio paraguaio, a mando de outro tio, político que era candidato a prefeito e posteriormente tornou-se chefe do Executivo da cidade paraguaia de Ypejhú e vinha sendo denunciado pelo jornalista por supostas ligações com o narcotráfico e envolvimento em homicídios nas regiões paraguaias de Villa Ygatimi e Ypejhú. As reportagens foram publicadas no ABC Color, o mais importante periódico do Paraguai, e geraram ameaças de morte ao jornalista da parte do político, que, segundo apurado, foram cumpridas com a colaboração do brasileiro.

O Conselho de Sentença acolheu integralmente as teses do MPPR: uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, motivo torpe (vingança contra o jornalista e com o objetivo de garantir a impunidade de outros crimes) e uso de emboscada. Para concretizar a emboscada, segundo a denúncia, o brasileiro e seu tio usaram vestimentas militares, fingindo ser autoridades paraguaias para simular uma blitz viária e dar ordem de parada ao jornalista. Após se certificarem de que o motorista era realmente o alvo visado, os criminosos dispararam contra os ocupantes do carro. O jornalista morreu no local, e sua assistente faleceu a caminho do hospital.

Autos número 0000165-13.2020.8.16.0006.

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