Homem que confessou ter matado jogador Daniel leva polícia a local do crime

O suspeito de matar o ex-jogador do Coritiba Daniel Corrêa Freitas, de 25 anos, no último fim de semana, levou a polícia na manhã desta quinta-feira (1º) para um terreno onde o crime teria acontecido. Para o delegado Amadeu Trevisan, responsável pelo caso, Daniel foi torturado antes de morrer. Edson Luiz Britz Júnior, de 38 anos, confessou o crime, mostrou o local do assassinado à polícia e onde a faca utilizada para matar Daniel foi jogada em um córrego, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A esposa do suspeito, Cristiana Rodrigues Britz, foi presa na noite dessa quarta-feira (31) em um posto de combustíveis. Ela estava em trânsito. A filha do casal, Alana Britz, de 18 anos, foi presa junto com o pai na manhã desta quinta-feira, depois de se entregar na delegacia. Desde a noite do crime, a esposa não estava junto com o marido na mesma casa, segundo a defesa do casal.

Ex-jogador do Coritiba (defendeu o clube no ano passado), Daniel foi encontrado morto no último sábado (27) num terreno baldio de São José dos Pinhais. Ele foi morto na manhã de sábado, depois de ter passada a noite de sexta em uma festa de aniversário de Alana.

De acordo com o delegado Amadeu Trevisan, da Delegacia de São José, outras três pessoas estão envolvidas no crime. “Vamos encontrar todas elas, já temos as informações”, disse.

Uma testemunha que estava com o jogador momentos antes da morte teria relatado, segundo o advogado Jacob Filho, que Daniel foi espancado dentro da casa do principal suspeito do crime e que havia muito sangue no local. Segundo ele, o homicídio teria motivação passional, em razão de um relacionamento do atleta com a esposa do principal suspeito.

Essa mesma testemunha contou que Daniel e outras seis pessoas, incluindo ele, estavam em uma boate em Curitiba quando decidiram ir para a casa do suspeito do crime. Em meio à festa na residência, a esposa do suspeito teria gritado por “socorro”. Foi quando ele viu o jogador sendo espancado por quatro pessoas e a sujeira de sangue no local.

Ainda segundo Jacob Filho, não é possível saber, ao menos por enquanto, se Daniel estava tendo um relacionamento amoroso com a esposa do suspeito, se houve uma tentativa de estupro, ou se ocorreu um mau entendido. O advogado Cláudio Dalledone Júnior, que defende o comerciante suspeito, alega que o jogador teria tentado violentar a mulher. Ele também afirma que a esposa e a filha devem esclarecer como tudo aconteceu, sustentando ainda que “a vítima nunca teve um relacionamento com a esposa do suspeito”.

Para o delegado, ainda não há como indicar se houve tentativa de estupro. Tem mensagens trocadas e uma fotografia da mulher praticamente desacordada, dormindo profundamente”, disse.

Investigações

A polícia já está com as imagens cedidas pela casa noturna onde todos os envolvidos estavam e trabalha com a hipótese de crime passional. Importante ressaltar que ainda não se sabe se o jogador tinha um caso com a mulher ou se ela foi estuprada por ele.

Mensagens de Whatsapp em um celular apreendido pela polícia mostram o jogador anunciando a um amigo que teria relações com uma mulher. Ele tirou uma selfie no quarto, em que aparece deitado ao lado da mulher que estava dormindo. Testemunhas disseram que Daniel estava alcoolizado.

Depois que Daniel foi espancado, o suspeito teria colocado ele no porta-malas do carro e levado para um terreno, onde ele teve o pênis cortado. A polícia ainda não esclareceu se outros suspeitos serão presos.

Entrevista de testemunha e de suspeito

Tanto o suspeito de ter cometido o crime como a principal testemunha do caso concederam entrevistas ao portal G1 e à RPC entre ontem e hoje. Ao veículo de comunicação paranaense, o comerciante que teria matado Daniel relatou ter escutado os gritos de socorro da mulher e que a porta do quarto em que ela estava estaria trancada. Ele então arrombou a porta com o ombro e viu o atleta em cima de sua esposa. Foi quando começou a espancar o jogador com a ajuda de outras três pessoas.

Após o espancamento, colocou Daniel num carro e o levou para o local onde desovou o cadáver e decepou o pênis do jogador. Ele alega, inclusive, que agiu sozinho após colocar o jogador no veículo.

Já a testemunha-chave do caso apresenta uma versão diferente. Segundo ele, o jogador e vários amigos participaram da festa de 18 anos de uma garoto numa balada de Curitiba e, depois, foram para uma casa e São José dos Pinhais, onde deram continuidade aos festejos.

Em determinado momento, então, essa pessoa relata ter escutado muitos gritos. Como a porta do quarto estava fechada, entrou pela janela e viu o jogador sendo espancado por quatro pessoas. Os suspeitos levaram o jogador para fora da garagem na sequência e deram continuidade aos espancamentos. Um deles teria dito ainda: “Mexeu com mulher de bandido, vai morrer.”

Crime macabro

O atleta, que tinha 25 anos e estava emprestado desde junho ao São Bento, que joga a Série B, foi vítima de um crime macabro, sendo encontrado em uma plantação de pinos na Rua Augusto Micrute, no bairro Mergulhão.

Seu corpo foi achado por uma pessoa que viu um rastro de sangue no chão. Ao seguir a marca, encontrou o cadáver, que teve o pênis decepado. O jogador também apresentava cortes profundos no pescoço e quase foi degolado. Levada pelo suspeito, a polícia encontrou o pênis do jogador somente nesta quinta-feira, pendurado em uma árvore.

O corpo foi recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba, onde a mãe do atleta reconheceu o corpo de seu filho no domingo (28/10). O corpo de Daniel foi velado e sepultado no município de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, nesta quarta.

Carreira do jogador

Revelado pelo Cruzeiro, Daniel alcançou destaque nacional jogando pelo Botafogo. Em seguida, foi contratado pelo São Paulo, que apostou na jovem promessa, mesmo com o jogador tendo sofrido uma grave lesão no joelho direito.

Sem se firmar no Morumbi, o atleta foi emprestado no ano passado ao Coxa. A expectativa no Alto da Glória era grande, mas novamente as lesões atrapalharam e Daniel pouco jogou (foram seis partidas, ao todo). Neste ano, foi emprestado para a Ponte Preta no primeiro semestre e na sequência rumou para o São Bento, onde jogou duas partidas pela Série B deste ano.

Apesar do insucesso no Couto Pereira, o jogador deixou amigos em Curitiba e na última sexta-feira esteve na Capital, onde participou de uma festa numa casa noturna. Na sequência, continuou as comemorações na residência de um amigo, de onde saiu de lá na manhã de sábado. E desde então não foi mais visto.

Fonte: Bem Paraná.