Fracasso. Depois da rádio Globo AM, a ‘morte’ da Globo FM

A partir do dia 1 de junho, a Globo FM paulista deixará de existir. Em fevereiro acabou a Globo AM. Falta de rumo e incompetência se aliaram

Incompetência para lidar com a perda de Osmar Santos.

E com a chegada da era digital.

Os motivos para duros golpes nas rádios Globo AM e FM.

Ainda mais para quem se acostumou a ouvir futebol nas décadas de 70, 80 e 90, quando a equipe de Osmar Santos revolucionou a maneira de cobrir futebol

“Futebol tem ser levado a sério. A minha equipe explora o futebol com alegria. Mas há um tratamento de jornalismo, sem oba-oba, com muita cobrança e informação de bastidores dos clubes. 

“É preciso ter uma ligação com o ouvinte de parceria, de confiança.

“Será assim para sempre, na rádio Globo.”

O próprio Osmar Santos me disse essas palavras, quando eu estava ainda na faculdade.

Infelizmente sua previsão estava errada.

Tudo começaria a ruir no dia 22 de dezembro de 1994, quando Osmar sofreu um terrível acidente na BR-153, em Getulina.

Sofreu afundamento do lado esquerdo do crânio, perdeu massa encefálica.

Ficou com sequelas na fala e preso à uma cadeira de rodas.

A partir daí, a força do futebol da rádio Globo nunca mais foi a mesma.

Oscar Ulisses, irmão de Osmar, fez o possível.

E sustentou a ‘Equipe do garotinho Osmar Santos’, até 2019.

Osmar comandou, de verdade, a equipe de 1977 a 1994. 

Sim, foi ele quem incentivou o repórter Fausto Silva a criar o Balancê, que acabou se tornando um bálsamo no final da Ditadura Militar. Com políticos cassados, artistas, todos tinham espaço para uma esbórnia inesquecível.

Infelizmente, Fausto Silva foi para a TV Globo e virou uma caricatura, com o Domingão do Faustão.

Comercialmente, depois que Osmar sofreu o acidente, nunca mais o esporte conseguiu trazer tantos patrocinadores. A verba foi minguando.

Sem dinheiro e com a chegada da Internet, a rádio se encolheu.

Faltou visão para seus chefes.

A ‘reação’ foram inúmeras revoluções, que não levaram a lugar algum.

A não ser a perda de identidade.

Logo a rádio começou a se tornar um subproduto no Grupo Globo.

Com a verba diminuindo, as trocas de locutores e repórteres foram se sucedendo. Não necessariamente para melhor.

E a Globo passou a dividir o futebol com a rádio de notícias CBN AM, que sucedeu a Excelsior em 1991.

Com a criação da CBN FM, em 1995, a homônima perdeu relevância.

Até que deixou de existir no dia 3 de setembro de 2018.

A economia com o fim da CBN AM foi notada pelos executivos globais.

Em junho de 2017, o grupo investiu e decidiu assumir arrendar o espaço que pertencia à Bradesco Esportes, no FM paulista.

94,1 era o seu lugar no dial.

AM e FM transmitiriam a mesma programação.

Foram inúmeras mudanças.

Comunicadores populares como o Padre Marcelo foram mandados embora.

A ordem era misturar entretenimento, jornalismo, esporte e música. Uma salada, tentando alcançar vários públicos.

Não conseguiu nenhum.

Profissionais como Fernanda Gentil, Maju Coutinho, Adriane Galisteu, Otaviano Costa, Leo Jaime, Mariana Godoy, Alex Escobar, Roger Flores, Fernanda Gentil, Marcos Veras, Tiago Abravanel e Paulo Vinícius Coelho foram contratados para a ‘Nova Rádio Globo’.

O projeto foi um fracasso.

Começou em junho de 2017 e acabou em abril de 2019.

Todos as ‘estrelas’ saíram.

O prejuízo chegou no futebol.

A Globo começou a fazer transmissões por ‘tubo’, ou seja, no estúdio. Narradores e comentaristas ficavam no estúdio. E só os repórteres nos estádios. Depois, nem isso. Todos trancados na rádio.

O inevitável aconteceu.

Em fevereiro deste ano, a tradicional Globo AM deixou de existir.

O prefixo 1.100 foi abandonado.

A Globo FM se manteve com uma programação assustadora.

Músicas quase o tempo todo, com minúsculos noticiários. 

Era a morte anunciada.

E ela já está programada.

A Globo FM deixará de existir daqui 19 dias, me avisa o jornalista que mais conhece os bastidores das rádios no país, Anderson Cheni.

No dia 31 de maio, o prefixo 94.1 deixará de ser arrendado.

Só restará a CBN FM, que também não é lucrativa.

Dá prestígio, não dinheiro.

E corre risco a médio prazo.

Situação constrangedora para ouvintes de rádio.

Para quem se lembra de Osmar Santos, Loureiro Júnior, Carlos Aymard, Fausto Silva, Roberto Carmona e Henrique Guilherme, Juarez Soares.

A partir de primeiro de junho, rádio Globo só terá um sinônimo em São Paulo.

Fracasso… FONTE:COSME RÍMOLE/R7